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Sumário por Região: Américas

Descobertas detalhadas sobre a capacidade de exploração do mar profundo de 55 áreas geográficas da América, divididas em quatro sub-regiões: América do Norte, América Central, Caribe, América do Sul.

Published onSep 12, 2022
Sumário por Região: Américas
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Esta avaliação inclui informações sobre a capacidade técnica e humana de 55 áreas geográficas (GeoAreas) nas Américas, particionadas em quatro sub-regiões: América do Norte, América Central, Caribe e América do Sul (Figura 1) [1]. Ao nível global, tratamos a América do Norte como uma região isolada. No entanto, este sumário regional apresenta todas as Américas num único documento.

Figura 1

Sub-regiões das Américas
Mapa das Américas mostrando as quatro sub-regiões usadas na Avaliação Global da Capacidade de Exploração do Mar Profundo de 2022: América do Norte, América Central, Caribe e América do Sul. Azul claro indica as zonas econômicas exclusivas (ZEEs) da América do Norte; verde claro indica as zonas econômicas exclusivas da América Latina & Caribe. [1][2][3][4]



Mesmo que as Américas tenham a segunda menor área total de Zona Econômica Exclusiva (ZEE) comparada às outras regiões do globo, e também a segunda menor área total de mar profundo (sem incluir territórios ultramarinos reivindicados por GeoAreas nas Américas), 97% das GeoAreas da região possuem áreas oceânicas com profundidade maior que 200 m dentro de suas ZEEs [2][3][4].

Os Estados Unidos da América, Chile, Canadá, Brasil e México têm as maiores áreas oceânicas profundas dentro de suas ZEEs. Contudo, muitos outros países e territórios nas Américas também possuem oportunidades importantes de explorarem o mar profundo. 

Esta avaliação da capacidade de exploração de mar profundo documenta informações básicas que podem ajudar a identificar possíveis lacunas e oportunidades para alavancar a pesquisa e a exploração em águas profundas, especialmente em países de baixa e média renda presentes na região.

Uma descrição mais detalhada da capacidade de exploração de águas profundas nas Américas pode ser encontrada na seção Resultados por Região: Américas (do inglês).

Situação Atual da Exploração & Pesquisa em Mar Profundo

A enquete solicitou que os entrevistados avaliassem o estado atual da exploração e pesquisa em mar profundo na sua respectiva GeoArea, declarando até que ponto concordavam com as seguintes afirmações: (1) a exploração e a pesquisa em mar profundo são consideradas importantes em sua GeoArea, (2) eles possuem tecnologia de mar profundo em seu país e (3) seu país possui mão-de-obra qualificada para atividades em mar profundo.

Uma parcela elevada dos candidatos da América do Norte corroboraram a disponibilidade de ferramentas assim como a existência de mão-de-obra qualificada nos respectivos países. Por outro lado, a maioria dos entrevistados da América Central, América do Sul e Caribe não acreditam que a exploração de mar profundo seja tratada como importante, além de apresentarem uma avaliação bastante baixa para as ferramentas disponíveis. Os mesmos também consideram que a presença de mão-de-obra qualificada é de baixa a moderada nos respectivos países.

Devido ao grande número de entrevistados dos Estados Unidos, os resultados combinados para as Américas são influenciados por um viés já observado em muitas outras avaliações de capacidade realizadas no passado. Por exemplo, 56% dos entrevistados desta região concordam que seu país tem experiência para atividades em mar profundo. Quando examinamos as sub-regiões individualmente, notamos que se trata de uma porcentagem elevada e não representativa. Contudo, mesmo considerando este viés, metade dos entrevistados das Américas discordou que seu país tenha a tecnologia necessária para explorar e pesquisar o mar profundo.

Um resultado interessante a ser destacado, e que merece uma análise mais detalhada, é o fato dos entrevistados terem uma percepção de que a exploração e pesquisa de mar profundo não são consideradas importantes na região. No geral, apenas 36% dos entrevistados de todas as Américas concordaram que a exploração e a pesquisa são consideradas importantes em sua GeoArea. Este é o menor índice comparado a outras regiões do mundo.

Os resultados oriundos desta enquete foram usados para avaliar a percepção dos entrevistados com relação à importância, tecnologia e mão-de-obra qualificada existentes no país para que sejam conduzidas atividades em mar profundo (Tabela 1).

Tabela 1

Importância

Tecnologia

Experiência

Sub-regiões

Alta

Alta

Alta

Norte da Europa, Europa Ocidental, Ásia Oriental

Baixa

Alta

Alta

América do Norte, Austrália & Nova Zelandia

Baixa

Baixa

Média

América do Sul, Europa Oriental, Sul da Europa, Ásia Ocidental, Norte da África

Alta

Baixa

Média

Sudeste Asiático, África Ocidental

Alta

Baixa

Baixa

Sul da Ásia, África Oriental, Melanésia, Micronésia

Baixa

Baixa

Baixa

América Central, Caribe, África Central, Sul da África, Polinésia

Problemas, Desafios e Oportunidades

Ciência básica & exploração, conservação & proteção, assim como pesca & aquicultura foram identificadas pelos entrevistados das Américas como as três questões mais importantes relacionadas ao mar profundo. Financiamento, capacidade humana e acesso às embarcações foram identificados como os três desafios mais importantes. Já as oportunidades mais interessantes reportadas pelos entrevistados foram as tecnologias de baixo custo para coleta de dados, as oportunidades de treinamento, bem como melhores ferramentas de processamento de dados.

Presença de Capacidade de Exploração do Mar Profundo, Acessibilidade e Satisfação

A próxima parte desta avaliação registrou a presença de infraestrutura marinha e tecnologia voltada a exploração do mar profundo – embarcações, veículos de submersão profunda, sensores e ferramentas de processamento de dados – com base em extensa pesquisa, acesso dos entrevistados a cada tipo de tecnologia, bem como com relação à satisfação dos entrevistados com a tecnologia as quais os mesmos possuem acesso.

Organizações & Indústrias

Através de pesquisa manual e dados de enquete, avaliamos organizações e indústrias marinhas como indicativos para a presença de mão-de-obra qualificada1.

Nossa pesquisa sobre organizações e indústrias focou em instituições voltadas ao oceano, como universidades, agências governamentais e várias indústrias marinhas. Identificamos 667 organizações nas Américas que realizam trabalhos em mar profundo: 261 universidades e laboratórios de pesquisa, 244 agências governamentais e ministérios e 162 outras organizações. A América do Norte tem o maior número de organizações por GeoArea, enquanto o Caribe possui o menor.

As indústrias mais comuns encontradas nas Américas foram de transporte marítimo, pesca & aquicultura, seguidas pelo turismo. Indústrias voltadas à exploração de petróleo & gás, bem como as de mineração em mar profundo, representam as menos comuns na região. Apenas uma GeoArea, os Estados Unidos da América, tinha todos os tipos de indústrias. Cinco das GeoAreas pesquisadas estão em fase de prospecção para mineração em mar profundo.

Embarcações

As embarcações representam a capacidade técnica com maior presença nas Américas. Algumas das GeoAreas são marcadas por uma diversificada presença de embarcações, comparável a outras regiões do mundo. O acesso dos entrevistados a vários tipos de embarcações nas Américas foi comparável a outras regiões do mundo. A satisfação com as embarcações variou de muito baixa na América do Sul a alta na América do Norte.

As embarcações de pesca representam o tipo de embarcação mais comum, seguidas pelas embarcações de recreação. Por sua vez, as embarcações tradicionais são o tipo de embarcação menos comum nas Américas. Setenta e seis por cento dos entrevistados possuem acesso a pelo menos um tipo de embarcação. Oitenta e nove por cento dos entrevistados na América do Norte já tiveram acesso a navios de pesquisa, enquanto apenas 34% dos entrevistados já tiveram acesso aos mesmos na América Latina & Caribe.

Os entrevistados da América do Norte se mostraram como os mais satisfeitos com o sistema de embarcações, enquanto os respondentes do Caribe e da América do Sul foram os menos satisfeitos. Setenta por cento dos entrevistados das Américas relataram que o aumento do acesso a embarcações teria um alto impacto ou seria transformador para seu trabalho.

Veículos de submersão profunda

A presença, o acesso e a satisfação com os tipos de veículos de submersão profunda (DSV; do inglês Deep Submergence Vehicles) nas Américas compartilharam a mesma tendência: alta na América do Norte e baixa em todas as sub-regiões da América Latina & Caribe.

Nas Américas, os veículos operados remotamente (ROV; do inglês Remote Operated Vehicles) representam o tipo de veículos de submersão profunda mais presente, seguidos por amostradores bentônicos (do inglês benthic landers) e veículos ocupados por humanos (HOV; do inglês Human-Occupied Vehicles). Veículos rebocados (do inglês Towsleds) representam o tipo menos comum de veículos de submersão profunda encontrados nas Américas. Duas GeoAreas, Canadá e Estados Unidos, estão capacitadas com todos os tipos de veículos de submersão profunda, enquanto quinze GeoAreas não possuem nenhum.

Metade dos entrevistados, sendo a maioria destes provenientes da América Central, América do Sul e Caribe, relataram não ter acesso a nenhum veículo de submersão profunda. Os tipos de veículo de submersão profunda mais acessíveis são os veículos de operação remota, amostradores bentônicos e veículo subaquático autônomo (AUV; do inglês Autonomous Underwater Vehicle).

A capacidade de mergulho dos veículos de submersão profunda não representa um problema maior nas Américas, sendo que 83% dos veículos de submersão encontrados, e aos quais os entrevistados têm acesso, são capazes de operar em profundidades superiores a 200 m. No entanto, os entrevistados da América do Norte tiveram mais acesso aos veículos com capacidade de acessar regiões mais profundas. Também notamos que aproximadamente dez amostradores bentônicos e outros dez veículos de submersão profunda são limitados a operações de águas rasas.

A grande maioria dos entrevistados das Américas relatou que o aumento do acesso a veículos de submersão profunda teria um alto impacto ou seria transformador para seu trabalho. Nossa pesquisa revelou que 15 veículos de submersão profunda foram viabilizados através de suporte estrangeiro, possibilitando a exploração em águas profundas em certas GeoÁreas. Ainda assim, sem o suporte de outras capacidades técnicas necessárias, estas GeoÁreas não poderiam conduzir atividades de pesquisa sozinhas.

Sensores

A presença de sensores nas Américas variou de muito baixa a muito alta, semelhante à maioria das regiões do mundo. Como a maioria das capacidades técnicas nas Américas, existe um variado acesso a sistemas de sensores, com maior acesso na América do Norte e menor na América Latina e Caribe.

Os sistemas de amostragem de água representam o tipo de sensor mais presente, seguidos pelos sistemas de navegação. Os sistemas de eDNA são o tipo menos comum encontrado nas Américas. Os sistemas de sensores mais acessíveis nas Américas são os perfiladores de temperatura, salinidade e pressão (CTD; do inglês Conductivity, Temperature, and Depth) e os sistemas de amostragem de água. Mais de um terço dos entrevistados relataram não ter acesso a sistemas de sensores de águas profundas.

Os entrevistados apresentaram opiniões divididas sobre o desempenho dos sensores de águas profundas nas diferentes GeoAreas. No geral, eles se mostraram satisfeitos com a capacidade dos sistemas de sensores, custo, alcance em profundidade e facilidade de uso, contudo, mostraram-se insatisfeitos com a disponibilidade dos mesmos.

Ferramentas de Análise de Dados

Assim como outras capacidades técnicas, a América do Norte tem a maior disponibilidade, acesso e satisfação com ferramentas de processamento de dados, enquanto as sub-regiões da América Latina e Caribe têm a menor.

Os sistemas de informações geográficas (SIGs) são o tipo de ferramenta de processamento de dados mais presentes, seguidos pelos sistemas de gerenciamento de dados. As ferramentas de sequenciamento genômico são o tipo menos comum encontrado nas Américas. As ferramentas de processamento de dados mais acessíveis nas Américas são os SIGs, seguidos pela capacidade de armazenamento de dados e ferramentas de visualização de dados. Apenas 15% dos entrevistados das Américas relataram não ter acesso a nenhuma das ferramentas de dados elencadas na enquete.

Apesar das baixas taxas de presença e satisfação, bem como o acesso restrito às ferramentas de processamento de dados, 90% dos entrevistados das Américas relataram que as mesmas são importantes para seu trabalho. Uma porcentagem semelhante observou que o aumento do acesso a ferramentas de processamento de dados impactaria ou transformaria significativamente seu trabalho.

Índices da Capacidade de Exploração do Mar Profundo

Organizações, indústrias, embarcações, veículos de submersão profunda, sensores e ferramentas de processamento de dados foram avaliados por meio de pesquisa manual com o intuito de se verificar a presença de capacidade de exploração de mar profundo em cada GeoArea. Por sua vez, enquetes foram usadas para identificar a acessibilidade e satisfação dos entrevistados com relação às embarcações, veículos de submersão profunda, sensores e ferramentas de processamento de dados em cada sub-região. Usamos essas informações para agrupar sub-regiões com base em semelhanças quanto à presença de infraestrutura marinha e tecnologia para que atividades em mar profundo sejam realizadas, acesso e satisfação com a tecnologia disponível, permitindo então a intercomparação entre locais em escalas sub-regional, regional e global (Tabela 2).

Tabela 2

Presença

Acesso

Satisfação

Sub-regiões

Média-alta

Alto

Alta

América do Norte, Norte da Europa

Média

Médio

Média

Europa Ocidental, Sul da Europa, Ásia Oriental, Sudeste Asiático, Austrália & Nova Zelandia

Média

Baixo-médio

Baixa-média

América do Sul, Europa Oriental, Ásia Ocidental, Sul da Ásia, Norte da África, Sul da África

Baixa

Baixo

Baixa-média

América Central, Caribe, África Ocidental, África Central, África Oriental, Melanésia, Micronésia, Polinésia

A América do Norte tem a maior combinação de presença, acessibilidade e satisfação com a infraestrutura marinha e tecnologia de águas profundas, assemelhando-se ao norte da Europa. Em contraste, a América Central e o Caribe tiveram baixa presença e acesso à infraestrutura marinha e tecnologia de águas profundas, assim como satisfação de moderada a baixa com tecnologias de águas profundas, assemelhando-se à África Ocidental e Polinésia. A América do Sul tem uma presença de infraestrutura marinha e tecnologia de águas profundas que varia de moderada a alta, contudo o acesso e satisfação às mesmas é de baixo a moderado, assemelhando-se à Ásia Ocidental e Europa Oriental. Em relação às GeoAreas individuais, Brasil, Canadá e Estados Unidos têm a maior presença de tecnologia de águas profundas. Em contraste, Dominica, São Bartolomeu, São Cristovão e Nevis, Santa Lúcia, São Martinho e São Eustáquio têm a menor presença de tal tecnologia.

PERSPECTIVA DO PESQUISADOR 
“As oportunidades de exploração e pesquisa para as Américas são incríveis. A sub-região da América Central é a menos explorada e oferece excelentes oportunidades de colaboração internacional e de pesquisa local. A Fossa da América Central também permanece quase totalmente inexplorada e representa uma região ideal para descobertas em mar profundo“.
–Sergio Cambronero-Solano, Universidade Nacional da Costa Rica, Costa Rica

Conclusões

Nas Américas, há uma grande disparidade de recursos tecnológicos voltados à exploração de mar profundo. A América do Norte possui ampla capacidade de exploração e pesquisa, sendo razoavelmente acessível aos entrevistados. Por outro lado, a América Latina e o Caribe possuem presença de tecnologia e taxas de acesso muito menores. No entanto, como este relatório demonstra, a América Latina e o Caribe têm mão-de-obra qualificada bem desenvolvida com um alto potencial para liderar atividades de inovação em pesquisa de águas profundas. Esta capacidade poderia ser ainda maior desde que uma melhor infraestrutura de pesquisa esteja disponível.

Nessa região, como em outras, a maior capacidade técnica tende a estar associada aos países de renda mais alta (EUA e Canadá). As nações de baixa renda da América Central têm pouca infraestrutura de pesquisa, mas, em alguns casos, desenvolveram capacidade humana avançada por meio de parcerias com organizações estrangeiras e/ou investimentos estrangeiros.

Em geral, os países da América Latina e do Caribe com maior capacidade de exploração e pesquisa são os que têm prospectado petróleo e gás em águas profundas, como Brasil e México. Muitos países com acesso tanto às águas do Pacífico como do Atlântico/Caribe, tendem a focar na costa Pacífica quando se trata de atividades de mar profundo e desenvolvimento marinho. No caso do Chile e do Peru, a capacidade de pesquisa foi desenvolvida em torno da gestão pesqueira e estudos de soberania na Antártica. Outras GeoAreas fizeram parceria com os Estados Unidos, Japão, Rússia e Alemanha para conduzir observações em mar profundo, mas nenhum veículo se encontra permanentemente presente nestes locais.

O Chile está liderando a inovação na América do Sul com seu veículo de submersão profunda, Audacia. Já outros países como Colômbia, Equador e Uruguai estão desenvolvendo seus próprios protótipos, os quais se encontram em estágios preliminares à fase comercial. Estas atividades de inovação corroboram a avançada capacidade humana presente na região para pesquisa marinha, engenharia e desenvolvimento.

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