Description
High-level findings on the deep-sea capacity of 44 geographical areas in Africa, divided into five subregions: Northern Africa, Western Africa, Middle Africa, Eastern Africa, and Southern Africa.
Descobertas detalhadas sobre a capacidade de exploração do mar profundo de 44 áreas geográficas da África, divididas em quatro sub-regiões: Norte da África, África Ocidental, África Central, África Oriental e Sul da África.
O continente Africano possui a quarta maior Zona Econômica Exclusiva (ZEE) por área total e a quarta maior área de mar profundo. Esta avaliação inclui informações sobre a capacidade técnica e humana de 44 áreas geográficas (GeoAreas) na África, divididas em cinco regiões: África do Norte, África Ocidental, África Central, África Oriental e Sul da África (Figura 1) [1][2][3][4]. Para 33 GeoAreas, temos tanto dados de enquete quanto de pesquisa; para 11 GeoAreas temos apenas dados de pesquisa.
Um relatório detalhado das sub-regiões da África e suas GeoAreas pode ser encontrado em Resultados por região: África (do inglês).
Os entrevistados foram solicitados a avaliar a situação atual da exploração e pesquisa em mar profundo em sua GeoArea, afirmando o quanto concordavam com as seguintes afirmações: (1) a exploração e a pesquisa em mar profundo são consideradas importantes em sua GeoArea, (2) eles possuem tecnologia de mar profundo em seu país e (3) seu país possui mão-de-obra qualificada para atividades em mar profundo.
Sessenta por cento dos entrevistados da África concordaram que exploração e pesquisa em mar profundo são importantes para suas GeoAreas. Quase dois terços dos entrevistados discordaram que eles teriam tecnologia para conduzir pesquisa e exploração em mar profundo. As respostas para a pergunta sobre mão-de-obra qualificada ficaram divididas: 41% concordaram que eles tinham pessoas com experiência, enquanto 39% discordavam da mesma afirmação. Em todas as sub-regiões da África, a classificação da experiência no país foi igual ou maior à avaliação de ferramentas e tecnologias no país.
Esses relatórios de entrevistas sobre a importância e a presença de tecnologia e mão-de-obra qualificada nos países foram também usados para avaliar a percepção dos entrevistados sobre a importância da existência de recursos para exploração e pesquisa em mar profundo no nível sub-regional (Tabela 1).
Importância | Tecnologia | Experiência | Sub-regiões |
---|---|---|---|
Alta | Alta | Alta | Norte da Europa, Europa Ocidental, Ásia Oriental |
Baixa | Alta | Alta | América do Norte, Austrália & Nova Zelandia |
Baixa | Baixa | Média | Norte da África, Europa Oriental, Sul da Europa, Ásia Ocidental, América do Sul |
Alta | Baixa | Média | África Ocidental, Sudeste Asiático |
Alta | Baixa | Baixa | África Oriental, Sul da Ásia, Melanésia, Micronésia |
Baixa | Baixa | Baixa | África Central, Sul da África, Polinésia, América Central, Caribe |
Na média, os entrevistados da África disseram que exploração e pesquisa em mar profundo são consideradas importantes para suas GeoAreas. Isto representa mais da metade da proporção dos entrevistados nas outras regiões do mundo.. Embora os entrevistados tenham considerado importantes a exploração e pesquisa em mar profundo, eles também tiveram a segunda menor concordância com a afirmação de que eles possuíam tecnologia ou experiência para conduzir pesquisa e exploração em mar profundo em suas GeoAreas.
As regiões da África Ocidental e Oriental concordaram amplamente ao considerarem a exploração e a pesquisa em mar profundo importantes em suas GeoAreas, enquanto os entrevistados do Norte, Centro e Sul da África tiveram baixa concordância sobre esta importância. Comparado com a maioria das outras regiões do mundo, os entrevistados da África acreditam que tecnologias e experiência em mar profundo não existiam em suas GeoAreas. Embora as classificações das situações atuais para tecnologia e experiência no país tenham sido baixas a moderadas em todas as sub-regiões da África, elas foram comparáveis à maioria das outras sub-regiões em todo o mundo.
Os três problemas mais importantes relacionados ao mar profundo identificados pelos entrevistados da África foram pesca & aquicultura, conservação & proteção e exploração de petróleo & gás em áreas marinhas. Conforme identificado pelos entrevistados da pesquisa, os três desafios mais importantes da África foram o financiamento, a capacidade humana e o acesso a embarcações. Oportunidades de treinamento, tecnologia de coleta de dados mais precisa, melhores ferramentas de processamento de dados e tecnologia para se operar em águas mais profundas foram identificadas como as oportunidades mais interessantes pelos entrevistados para a África.
A próxima parte da avaliação registrou a presença de infraestrutura marinha e tecnologia de mar profundo - embarcações, veículos de submersão profunda (DSVs, do inglês “deep submergence vehicles”), sensores e ferramentas de processamento de dados - com base em extensa pesquisa, acesso dos entrevistados a cada tipo de tecnologia e a satisfação dos entrevistados com a tecnologia a qual eles têm acesso.
Com base em pesquisa manual e dados da enquete, avaliamos organizações e indústrias marinhas como uma amostra para a mão-de-obra qualificada1.
Identificamos 631 organizações marinhas e de mar profundo na África, sendo 199 universidades e laboratórios de pesquisa, 244 agências governamentais e ministérios e 188 outras organizações. O Sul da África teve o maior número de organizações por GeoArea e a África Oriental teve o menor.
As indústrias mais comuns na África são o transporte marítimo e a pesca & aquicultura. Por outro lado, a mineração em mar profundo é a indústria menos presente, com nenhuma GeoArea apresentando uma indústria ativa. No entanto, pelo menos 11 GeoAreas estão em prospecção para iniciar atividades de mineração em mar profundo, incluindo algumas GeoAreas onde tais explorações estão sendo realizadas por outras GeoAreas africanas mais ricas.
As diferenças mais significativas entre os resultados da pesquisa e das entrevistas estão relacionadas à construção naval e Pesquisa & Desenvolvimento (P & D); significativamente mais dessas indústrias foram encontradas por meio da pesquisa do que identificadas pelos entrevistados. Por outro lado, os entrevistados selecionaram a presença de mineração em mar profundo consideravelmente mais do que o número de indústrias de mineração ativas encontradas através da pesquisa.
As embarcações representam a capacidade técnica com maior presença na África. Ao mesmo tempo, as GeoAreas na África tiveram uma presença maior de vários tipos de embarcações em comparação com muitas outras regiões do mundo. Apesar da alta presença de embarcações, o acesso dos entrevistados aos vários tipos de embarcações foi baixo em relação a outros tipos de tecnologia de mar profundo, mas comparável a outras regiões do mundo. A satisfação com os navios variou de muito baixa a moderada e foi a mais baixa de todas as regiões do mundo.
Oitenta e um por cento dos entrevistados da África consideraram os navios e as embarcações importantes para o seu trabalho. As embarcações mais acessíveis são as embarcações de pesca, seguidas das embarcações de pesquisa. As embarcações de pesca foram as mais presentes, seguidas das embarcações tradicionais, da marinha e de recreação. Os navios de pesquisa foram o tipo de embarcação menos presente na África. Mais de um terço dos entrevistados relataram não ter acesso a embarcações. Sessenta e um por cento dos entrevistados relataram que o aumento do acesso aos navios teria um alto impacto ou seria transformador para seu trabalho.
Outros tipos de embarcações incluíam rebocadores, embarcações multiuso, petroleiros marítimos, navios de transporte, iates de negócios, barcos de patrulha, dragas, embarcações de exploração mineira e utilização oportunista de navios de pesquisa estrangeiros.
Os veículos de submersão profunda (DSVs) foram a capacidade técnica com a presença menos extensa na África, e as GeoAreas na África tiveram a menor presença de vários tipos de DSV em comparação com todas as outras regiões globais. Desta forma, o acesso dos entrevistados aos DSVs foi baixo ou muito baixo em todas as sub-regiões da África.
Apesar das baixas taxas de presença e acesso a DSVs, 68% dos entrevistados da África consideraram os DSVs importantes para o seu trabalho. Os veículos operados remotamente (ROVs, do inglês “Remotely operated vehicles”) foram os DSVs mais presentes, seguidos pelos amostradores de fundo. Veículos ocupados por humanos (HOVs, do inglês “Human-occupied vehicles”) foram o tipo de veículo menos encontrado na África.
Os DSVs mais acessíveis na África foram os ROVs, seguidos por amostradores de fundo e veículo subaquático autônomo (AUV; do inglês Autonomous Underwater Vehicle). Os entrevistados da África estavam geralmente insatisfeitos com os DSVs disponíveis e com todos os aspectos de sua operação. Mais da metade dos entrevistados da África relataram não ter acesso a DSVs. Uma GeoArea, Mayotte, tinha cinco tipos de DSV como parte de uma colaboração com um departamento estrangeiro atribuído à França. No entanto, isso representa oportunidades significativas para Mayotte explorar águas profundas.
A classificação de profundidade para os DSVs foi promissora, considerando que 44% dos DSVs aos quais os entrevistados tinham acesso podiam operar em profundidades superiores a 200 m. No Sul da África, os entrevistados tinham acesso a veículos que podiam operar a uma profundidade máxima de 2.000 m. Em todas as outras sub-regiões, pelo menos um respondente tinha acesso a veículos que podiam operar em até 4.000 m. Setenta por cento dos entrevistados da África relataram que o aumento do acesso a DSVs teria um alto impacto ou seria transformador para seus trabalhos.
Os sistemas de sensores foram a capacidade técnica com a segunda menor presença na África, e as GeoAreas na África tiveram a menor presença de tipos de sensores, em comparação com todas as outras regiões do mundo. Apesar da baixa presença de sistemas de sensores encontrada por meio de pesquisas, os entrevistados da África relataram níveis baixos a moderados de acesso a sensores, semelhantes à América Latina & Caribe e algumas sub-regiões da Oceania e Ásia.
Os sistemas de navegação foram os sensores mais encontrados na África, seguidos pelos sistemas de imagem. Sensores genéticos para eDNA foram o tipo menos presente. Os sistemas de sensores mais acessíveis na África foram os sistemas de amostragem de água, seguidos por CTDs e sensores químicos (por exemplo, O₂, pH, eH). Aproximadamente três quartos dos entrevistados relataram ter acesso a sensores de águas profundas, e 77% dos entrevistados da África relataram que o aumento do acesso a sistemas de sensores de mar profundo teria um alto impacto ou seria transformador para seus trabalhos.
As ferramentas de dados foram a capacidade técnica com a segunda maior presença na África depois das embarcações. GeoAreas na África tiveram uma presença maior de vários tipos de ferramentas de dados do que Oceania e América Latina & Caribe.
Os sistemas de informações geográficas (SIGs) foram as ferramentas de dados mais presentes, seguidas por aprendizado de máquina e inteligência artificial. Computação em nuvem e o armazenamento de dados foram os menos presentes. A ferramenta de dados mais acessível na África foi o SIG, seguido por ferramentas de gerenciamento de dados e visualização de dados. Mais de um quarto dos entrevistados da África relataram não ter acesso a nenhuma das ferramentas de dados listadas. Oitenta e seis por cento dos entrevistados relataram que as ferramentas de análise e acesso de dados eram importantes para seu trabalho, e 81% dos entrevistados relataram que o aumento do acesso a ferramentas de dados teria um alto impacto ou seria transformador para seu trabalho.
Um entrevistado das Seicheles fez uma observação de que algumas dessas ferramentas estão disponíveis dentro das estruturas governamentais, mas não estão disponíveis para uso por pesquisadores fora do governo.
Organizações, indústrias, embarcações, veículos de submersão profunda, sensores e ferramentas de dados foram avaliados usando pesquisas para identificar a presença de capacidade em cada GeoArea. Já as respostas da enquete foram usadas para identificar acessibilidade e satisfação de embarcações, veículos de submersão profunda, sensores e ferramentas de dados em cada sub-região. Usamos essas informações para agrupar sub-regiões com base em semelhanças quanto à presença de infraestrutura marinha e tecnologia de mar profundo, quanto ao acesso à tecnologia e a satisfação com a tecnologia disponível, permitindo a comparação entre locais em escala sub-regional, regional e global (Tabela 2).
Presença | Acesso | Satisfação | Sub-regiões |
---|---|---|---|
Média-alta | Alto | Alta | Norte da Europa, América do Norte |
Média | Médio | Média | Europa Ocidental, Sul da Europa, Ásia Oriental, Sudeste Asiático, Austrália & Nova Zelandia |
Média | Baixo-médio | Baixa-média | Norte da África, Sul da África, Europa Oriental, Ásia Ocidental, Sul da Ásia, América do Sul |
Baixa | Baixo | Baixa-média | África Ocidental, África Central, África Oriental, Melanésia, Micronésia, Polinésia, América Central, Caribe |
O Norte da África apresentou a maioria dos tipos de organizações e indústrias relacionadas ao mar profundo, embarcações, veículos de submersão profunda, sensores e ferramentas de dados. A África Central teve o menor número. A África Oriental teve a maior variação, indicando uma distribuição heterogênea de recursos nesta sub-região, enquanto o Sul da África teve a menor variação. Nenhum país na África apresentou todos os recursos pesquisados. Cinco GeoÁreas tinham apenas um: Angola, Cabo Verde, Arquipélago de Chagos, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe.
Os entrevistados do Sul da África tiveram mais acesso à maioria dos tipos de ferramentas de águas profundas. De uma maneira geral, a satisfação com as ferramentas de águas profundas nos países africanos foi baixa. Os entrevistados do Norte da África foram os mais satisfeitos com as ferramentas de mar profundo em suas GeoAreas, enquanto todos os outros tiveram uma satisfação muito baixa.
Nossa pesquisa resultou na categorização dos países africanos em três grupos, dependendo de suas capacidades. O primeiro grupo inclui países de alta renda como a África do Sul e os países do Magreb, tais como Marrocos, Argélia, Tunísia e Egito. Esses países são os mais estabelecidos na África com relação a tecnologia e mão-de-obra qualificada em mar profundo. A África do Sul é um dos países mais desenvolvidos em termos de produção e capacidade de pesquisa em mar profundo. Ainda assim, carece de financiamento adequado e habilidades no país e muitas vezes depende de financiamento e capacidade humana internacionais para atingir seus objetivos.
No segundo grupo estão os muitos territórios africanos ainda sob administração de países europeus, beneficiando-se de sua infraestrutura de pesquisa. A maioria destes territórios são ilhas distribuídas entre o Atlântico e o Oceano Índico, por exemplo, o Arquipélago de Chagos, Tristão da Cunha, Mayotte e Ascensão.
O último grupo engloba os países africanos com menos infraestrutura e tecnologia de pesquisa científica marinha. Pequenos Estados insulares em desenvolvimento, como Cabo Verde e outros, permanecem em grande parte inexplorados, e as informações sobre seus habitats e ecossistemas de mar profundo são escassas. A Mauritânia, cujas águas profundas têm uma enorme diversidade biológica devido ao fenômeno de ressurgência, não possui uma infraestrutura científica desenvolvida que lhe permita estudar seu ecossistema de mar profundo. A maior parte do trabalho feito até agora sobre a exploração de mar profundo nos 44 países africanos avaliados é com a ajuda de navios de pesquisa e capacidade humana estrangeiros. No entanto, a capacidade local de exploração do mar profundo está em desenvolvimento em várias dessas regiões, incluindo Seicheles e Maurício, podendo se tornar um modelo para outros.
Finalmente, a África apresenta uma oportunidade única para expandir a pesquisa e exploração em mar profundo acessíveis e de baixo custo. A maior zona de profundidade por área na África situa-se entre 2.000-4.000 metros abaixo do nível do mar, cobrindo 46% de todas as Zonas Econômicas Exclusivas (ZEEs) africanas, seguida por 4.000-6.000 m cobrindo 31% de todas as ZEEs na região. Tecnologias de exploração que podem atingir 6.000 m permitiriam o acesso a todas as ZEEs da África.